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Profissionais 40+: Um Desafio ou Uma Oportunidade para Empresas?

  • 11 de setembro de 2024
  • manager
  • 5 min read

Por Bianca Ben, 25/07/2024

Nos últimos anos, tem-se observado uma tendência preocupante no mercado de trabalho: a rejeição de profissionais com 40 anos ou mais em processos seletivos. Apesar de sua vasta experiência e conhecimento acumulado, esses profissionais estão sendo preteridos em favor de candidatos mais jovens. Ao mesmo tempo, uma nova geração de trabalhadores demonstra pouco interesse em trabalhos formais e presenciais, preferindo modelos de trabalho mais flexíveis. Essa discrepância de pensamentos entre diferentes gerações revela desafios e oportunidades para as empresas.

Os Baby Boomers, criados em uma era de estabilidade econômica e industrialização, valorizam a lealdade à empresa, o trabalho árduo e a estabilidade no emprego. A experiência é vista como um ativo crucial, e a permanência prolongada em um único emprego é comum. Já a Geração X, que cresceu em um período de mudanças econômicas e tecnológicas, é conhecida por sua independência, flexibilidade e orientação para resultados. Eles valorizam o equilíbrio entre vida profissional e pessoal e estão acostumados a mudanças no mercado de trabalho.

Os Millennials, nativos digitais altamente conectados, valorizam a colaboração e o feedback constante. Eles buscam propósito no trabalho, oportunidades de crescimento e flexibilidade, mas não priorizam a lealdade à empresa, sendo frequente a troca de empregos. A Geração Z, e as gerações subsequentes, cresceram em um mundo digitalizado, são adeptas de tecnologias emergentes e preferem trabalhar remotamente. Eles valorizam a diversidade, inclusão e estão preocupados com questões sociais e ambientais.

A rejeição de profissionais mais velhos pode ser atribuída a preconceitos inconscientes, estereótipos sobre a capacidade de adaptação às novas tecnologias e um foco exagerado na juventude como sinônimo de inovação. No entanto, essa abordagem é míope e pode privar as empresas de valiosas contribuições. As novas gerações buscam mais do que apenas um emprego; elas procuram significado, flexibilidade e um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal. A preferência por trabalhos remotos, freelance e empreendimentos próprios é evidente, desafiando as empresas a repensarem seus modelos de trabalho e a criarem ambientes que atraiam e retenham talentos diversificados.

Para prosperar no futuro, as organizações precisam adotar uma mentalidade inclusiva e intergeracional. Valorizar a experiência dos profissionais sêniores e integrar suas habilidades com a inovação e adaptabilidade dos mais jovens pode criar equipes equilibradas e eficazes. Programas de mentoria reversa, onde profissionais mais jovens ensinam tecnologias digitais aos mais velhos, e vice-versa, são exemplos de como essa integração pode ser benéfica.

Os profissionais sêniores trazem consigo um vasto conhecimento, experiência prática e uma rede de contatos estabelecida. Eles possuem habilidades de resolução de problemas e tomada de decisão que muitas vezes faltam aos mais jovens. Em um cenário onde a tecnologia pode falhar, a capacidade desses profissionais de se adaptarem e encontrarem soluções criativas se torna inestimável.

Entrando nessa linha de pensamento, essas três iniciativas privadas – o Restaurant of Order Mistakes em Tóquio, o bar e restaurante Confraria Dona Luiza em Águas Claras, e a empresa EverYoung na Coreia do Sul – são exemplos notáveis de como a contratação de idosos pode gerar resultados positivos tanto socialmente quanto financeiramente.

O restaurante em Tóquio emprega garçons com demência, e não apenas desafia as percepções sociais sobre o transtorno, mas também ganhou diversos prêmios pela sua abordagem inclusiva.

Da mesma forma, o bar e restaurante em Águas Claras, que surpreendeu ao receber uma enxurrada de candidaturas de senhoras entre 60 e 80 anos, adaptou suas funções para criar um ambiente de trabalho acessível e agradável, resultando em uma ideia que certamente atrairá muitos clientes curiosos.

Por fim, a EverYoung, ao focar em funcionários com mais de 55 anos para o monitoramento de conteúdo, demonstra que a experiência e a sabedoria dos mais velhos são valiosas para o sucesso empresarial.

Essas iniciativas renderam curtidas, visibilidade e um significativo retorno financeiro, provando que a inclusão de idosos no mercado de trabalho é uma estratégia benéfica e lucrativa.

Por isso, talvez a saída para as próximas décadas em algumas empresas seja estar em um equilíbrio entre a experiência dos profissionais sêniores e a inovação dos mais jovens. Contar apenas com uma geração pode ser um erro estratégico. Empresas que reconhecem e valorizam a contribuição de todas as gerações, promovendo um ambiente inclusivo e colaborativo, estarão melhor posicionadas para enfrentar os desafios futuros. Afinal, em um mundo onde a tecnologia é fundamental, a sabedoria e a experiência acumuladas dos profissionais sêniores podem ser o diferencial competitivo que muitas organizações precisam.